sábado, 17 de abril de 2010

Em meus sonhos

Essa noite tive um sonho estranho: havia um palco pouco iluminado onde eu atuava num monólogo sem fim com palavras sem sentido e frases vazias em um mundo antigo e esquecido em algum século.


Era um palácio abandonado com corredores escuros de paredes sujas e piso escorregadio, que iam de encontro a uma porta entreaberta de onde vinha uma luz fraca e trêmula... Eu ia de encontro à luz, segurando nas paredes cheias de lodo...ia devagar, porque a claridade não era suficiente para iluminar meu caminho por aquele corredor.


Quando finalmente consegui me aproximar, empurrei a porta e vi que se tratava de um quarto, que estranhamente me era familiar. E mais estranho ainda... eu já estava lá, e passei então a observar a encenação: eu , no quarto, sentada no chão, trajava um vestido vermelho longo, estava com os cabelos presos, parecia muito pálida e assustada, e dizia umas palavras sem sentido e frases vazias diante de um público apático e distante que apenas me observavam sem nada entender...


Mas disse uma frase que parecia também fazer sentido pra mim, como o quarto me parecia familiar, mas antes de terminar a frase fui surpreendida por alguém que logo entrou completando o que eu dizia.


Que sonho estranho...era o Bruninho...que há muitos anos não vinha me atormentar ...mas dessa vez ele estava diferente. E veio explicando por quê havia ido embora dos meus sonhos...Agora era um vampiro. O mesmo vampiro que aparece todas as noites e vai embora sem dizer o nome, ou sem sequer deixar que eu veja seu rosto.


Quando percebeu que eu estava com medo ele se aproximou devagar, se abaixou e olhou nos meus olhos e disse que ainda era o mesmo: o mesmo Bruninho que eu conheci há muito tempo atrás. Quando sua mão tocou meu rosto eu senti a mesma paz que sentia quando estava com ele e tive certeza de que era verdade.


Entre outras coisas que ele disse, ele repetiu que não faria promessas, mas que não me faria mal algum. Perguntou se poderia voltar em meus sonhos e disse que olharia por mim enquanto eu vivia na realidade, e continuava a me esperar no mundo dos sonhos...


Eu não queria acordar...já queria ficar ali, mas ele disse que não. Era preciso continuar, pois ainda há muito o que fazer. Levantou-se calmamente e se dirigiu à janela, de onde havia surgido. Antes que eu pudesse fazer ou dizer alguma coisa ele se foi, como sempre faz todas as noites.


O sol já estava chegando e com ele minha realidade. A platéia já não existia, apenas eu mesma me observava à distancia, pela porta entreaberta, enquanto me levantava chorando toda a solidão dos meus sonhos

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